Vida fácil ou vida significativa? Protagonista ou coadjuvante?
A vida é um palco, e todos nós somos atores, disse Shakespeare. Nesse palco, o cenário criado, o script da história e o papel que encenamos são construídos pela nossa mente. Mais do que atores, somos produtores da peça teatral na qual vivemos a vida. Nesse contexto, só há dois papéis a serem exercidos: protagonista ou coadjuvante. Seria fácil escolher o papel se fôssemos capazes de perceber a nós mesmos no exercício da atuação e se compreendêssemos os impactos, em médio e longo prazos, de cada um dos papéis em nossa vida. Se conseguíssemos, mesmo durante a atuação, lembrar que também somos os produtores do enredo, habilitados de uma visão completa de toda a peça, capazes de mudar a história contada e vivida.
A grande questão está na ausência da clareza do papel exercido e isso nos impede de tomar a decisão de mudar o roteiro, quando somos coadjuvantes. Nesse papel, aparentemente mais confortável, perdemo-nos na vida fácil, que nos impede de alcançar nossas grandes metas. Atuar como coadjuvante, em curto prazo, é um ganho extremamente prazeroso, mas, em médio e longo prazos, gera muita dor. A dor da ausência de realização pessoal, da inexpressividade, da culpa, da raiva, do ressentimento, da inveja, das justificativas, de ser apenas mais um… a dor de estar destituído de si próprio, do seu poder pessoal e da sua luz.
A vida significativa requer protagonismo. No protagonismo, a dor vem primeiro, no curto prazo, para, depois, vir a satisfação e plenitude. Talvez, isso gere confusão nas pessoas, e elas pensem: por que sentir incômodo agora se posso optar por algo melhor, onde inexiste dor? E optam pela resposta óbvia e pouco inteligente em suas escolhas diárias, decidem-se afastar da dor para viver o prazer imediato, sem pensar que, mais cedo ou mais tarde, as perdas da sua escolha virão de forma impiedosa em suas vidas. No momento que essas perdas forem claras, o coadjuvante se transforma em vítima e, então, culpa os outros para poder justificar sua história de insucesso.
Os protagonistas têm perspectiva de longo prazo e entendem, com naturalidade, a presença do incômodo no início de cada grande etapa de vida. Eles pagam o preço para alcançar seus sonhos e sabem que esse preço será pago independentemente de suas escolhas, por isso, decidem fazê-lo logo e direcionados ao que é importante para si. O preço pago envolve se afastar de pessoas tóxicas, dizer não para alguns ou a muitos prazeres imediatos, tudo em prol de sentir uma realização mais duradoura no futuro, fazer o que é preciso, em lugar de fazer o que quer, dominar a si mesmo, esforçar-se contínua e ininterruptamente em direção à mudança durante toda a vida.
Alguns leitores podem se perguntar: quando paramos? Será possível ser feliz se mantivermos essa busca de melhoria durante toda a vida?
Mihaly Csikszentmihalyi comprovou, em suas pesquisas, que a felicidade está na realização de uma atividade, remunerada ou não, que seja desafiante, em que você utilize suas forças e virtudes, haja clareza do que se quer, sua concentração seja total ao ponto de perder a noção do tempo e o seu esforço seja espontâneo e natural em lugar de ser forçado por alguém. Quando encontramos algo que se encaixa nessas características, fluímos no fazer ampliado e somos inundados pela sensação de plenitude e realização após a atividade. Na vida coadjuvante, os esforços são realizados quando alguém ou o próprio contexto força a ação, mas ninguém se sente realizado quando é forçado a fazer alguma coisa.
É bom lembrar que a dor do coadjuvante é aniquilante, como se o cenário do palco da vida desabasse sobre ele. Enquanto a dor do protagonismo é como se o palco se movesse, o cenário se transformasse e sua história começasse a mudar. Então, ao perceber isso, imprime-se ainda mais força, mais energia e, quando menos se espera, percebe-se que não há mais dor, mas uma sensação de simbiose com a vida. Ao perceber que se é, sim, o dono da própria história, o maior e melhor produtor de todos os tempos no palco da vida. E isso é liberdade. É vida significativa. É consciência, plenitude e paz!
Qual é o seu papel: protagonista ou coadjuvante? O que você escolhe: vida fácil ou significativa?
Até a próxima semana!
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Lília Barbosa
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Creoncedes Sampaio
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