Coragem e RH: caminhos para uma atuação estratégica
Coragem é um conceito fácil de entender, mas difícil de ser vivido de forma consistente.
“A coragem é a capacidade de agir apesar do medo, do temor e da intimidação. Deve-se notar que coragem não significa a ausência do medo, e sim a ação apesar deste. O contrário da coragem é tida normalmente como covardia. O homem sem temor motiva-se a ir mais além.”
Wikipédia
Quando correlacionamos a palavra coragem aos profissionais de RH, é crucial que eles decidam por si mesmos o que significa ser corajoso, o quão corajosos eles desejam e precisam ser para assumirem um papel realmente estratégico. E por que isso importa?
Porque cada vez mais os profissionais de RH que demonstram coragem contarão menos com sua experiência técnica de RH, e terão mais credibilidade e influência junto aos líderes empresariais para fazer a diferença.
O problema no posicionamento
Os líderes de negócio não querem apenas uma função de RH mais assertiva, eles buscam profissionais que desempenhem um papel mais estratégico e influente na definição do futuro de sua organização. Então, por que o RH repetidamente fica aquém das expectativas organizacionais?
O RH tende a agir de forma passiva, em lugar de entregar valor real aos negócios. Isso acontece, entre outros fatores, pelo receio de se expor, medo de não ser aceito e querido por outras pessoas, e também, pelo entendimento raso do negócio (que, às vezes, trabalha há anos). Adicionalmente, ainda há o desconhecimento das técnicas e ferramentas práticas de intervenções organizacionais.
Diante disso, a atuação do RH perde influência nas questões organizacionais realmente relevantes. Em curtas palavras: sem coragem, não haverá influência.
“A coragem é a mais importante de todas as virtudes, porque sem coragem você não pode praticar nenhuma outra virtude de forma consistente. Você pode praticar qualquer virtude erraticamente, mas nada de forma consistente sem coragem.”
Maya Angelou
Selecionamos 7 formas para você melhor entender porque ser corajoso é determinante para seu posicionamento profissional mais estratégico.
7 formas pelas quais a coragem desempenha um papel importante no RH estratégico
Nº 1: Coragem desenvolve influência
Atuar estrategicamente requer espaço para falar e ser ouvido. Naturalmente, esse espaço será conquistado pela confiança. Mas, se a coragem não for exercitada, a influência perde a força. O que significa isso na prática? Agir de forma honesta e corajosa é ser capaz de ser franco e direto com as pessoas.
Essa abordagem, quando tem por trás o uso da assertividade – defender o seu ponto de vista sem agressão e invasão ao espaço do outro, abre o caminho da confiança. Pedir permissão para ser transparente, também facilita o esse processo.
Nº 2: Coragem aumenta responsabilidade
Com coragem, as pessoas podem responsabilizar-se mutuamente, independentemente de sua posição na organização, porque não têm medo de enfrentar os outros ou reclamar uns dos outros.
A verdadeira responsabilidade envolve mobilizar outras pessoas quando os resultados também dependem delas e isso não será feito, se não houver coragem.
Nº 3: Coragem potencializa a capacidade conduzir conversas difíceis
Assim como a responsabilidade, muitas vezes tememos o conflito com os outros porque é desconfortável e não sabemos como superar isso. O conflito pode ser qualquer coisa, desde desafiar a ideia de alguém em uma reunião e ter um debate produtivo até confrontos emocionalmente carregados e questões entre indivíduos.
De qualquer forma, o conflito é importante e necessário nas organizações e aprender como ter um conflito saudável e produtivo é importante. Dessa forma, as pessoas ficam mais propensas a desafiar as ideias dos outros, assumir a responsabilidade por si mesmas e se envolver nas conversas necessárias para resolver problemas. Assim, a coragem aumenta nossa capacidade de conflito, ajudando-nos a aceitar o medo e o desconforto que vêm junto.
O exercício da influência requer a coragem de fazer enfrentamentos. Quando os enfrentamentos são realizados, no momento certo e da forma certa, naturalmente a sua voz ecoará com credibilidade, o que eleva a influência em qualquer ambiente.
Nº 4: Coragem cria integridade
Às vezes é mais fácil concordar simplesmente com as coisas em vez de falar abertamente, mesmo que seja sobre algo errado ou imoral. Mas é assim que colaboradores e líderes se tornam coniventes com comportamentos inaceitáveis.
A coragem dá aos indivíduos a força para falar sobre coisas que não estão certas ou não devem ser toleradas, mesmo que seja desconfortável fazê-lo. Quando as pessoas podem fazer isso, desenvolve-se uma cultura segura e aberta, com profissionais engajados.
Nº 5: Coragem aumenta a capacidade para assumir riscos
O risco, seja nos negócios ou dentro das equipes, é um ingrediente necessário para o crescimento, inovação, criatividade e sucesso. Mas também pode ser assustador pela possibilidade de fracasso.
Bem, não seria risco sem a possibilidade de falhar. E arriscar o fracasso na busca de crescimento envolve abraçar a vulnerabilidade.
Bill Aulet, palestrante do MIT, acredita que fazer as coisas da maneira que sempre foram feitas em um momento de tanta incerteza é a “coisa mais arriscada que você provavelmente pode fazer”.
Portanto, desenvolva a sua coragem ao experimentar coisas novas e diferentes do que sempre fez.
Nº 6: Coragem gera credibilidade e confiança
Você confia em alguém que é covarde? Dificilmente, não é mesmo? Entretanto, se você demonstra ser uma pessoa corajosa, naturalmente as pessoas tendem a confiar mais em você e a admirá-lo. Sendo assim, coragem aumenta a sua credibilidade e confiança.
Credibilidade, confiança e coragem são fatores essenciais entrelaçados para o sucesso profissional. Esses elementos-chave nos tornam poderosos, eficientes e eficazes para ocupar qualquer função nas organizações.
E no papel de um RH estratégico – seja diretor, gerente, HR Business Partner ou um analista sênior, é condição sine qua non, um posicionamento corajoso para realizar as intervenções necessárias à organização.
Nº 7: Coragem desenvolve culturas de trabalho engajadas, criativas e inspiradoras
O modo como as pessoas se sentem no trabalho determina como elas se envolverão no trabalho. Organizações que valorizam a coragem criam ambientes de trabalho onde as pessoas se sentem seguras, respeitadas e reconhecidas. Quando as pessoas sentem isso, elas ficam mais livres para inovar, assumir riscos com novas ideias, admitir suas falhas e fraquezas, motivar os outros, se envolver em debates animados, se desafiar, desafiar os outros, responsabilizar os outros e contribuir para os objetivos coletivos de sua organização.
Ademais, desenvolver a virtude de ser corajoso e ousar nos torna muito mais alinhados e também preparados para viver nesse mundo, onde o protagonismo, a capacidade de entrega e agilidade vencem a retórica.
Lília Barbosa & Creoncedes Sampaio
Referências bibliográficas:
https://www.mbdi.com/the-3-cs-credibility-confidence-and-courage-success-in-business-development/
https://www.td.org/insights/courage-in-the-face-of-a-new-skills-economy